Linguagem hipermídia, Paulo Freire e decolonialidade: confrontos e avanços nos processos formativo
RESUMO
Com sólida bricolagem teórica e metodológica, Lucila Pesce e seu coletivo de pesquisa LEC convocam a obra de Paulo Freire, com estudos decoloniais plurais, estudos da cibercultura e da Teoria Crítica para construir um texto que é, ao mesmo tempo, rigoroso e instigante. Os capítulos dessa rica obra são relatórios de pesquisas advindas das implicações diretas desse coletivo. Todos os textos são produtos/processos advindos de projetos institucionais legitimados por renomadas comunidades científicas e agências de fomentos brasileiras.
Podemos afirmar que este livro é um relatório da pluralidade investigativa da organizadora. Esta é uma marca na comunicação científica do LEC – e especificamente de Lucila Pesce – que organiza livros que comunicam suas pesquisas, proporcionando aos leitores uma síntese privilegiada de seus trabalhos. Sua abordagem não é apenas analítica, mas propositiva, a modo Paulo Freire, ao indicar que é justamente nos interstícios dessas formas de captura que se abre a possibilidade de resistência – uma resistência que se dá não apenas no plano da denúncia, mas na anunciação de outros modos de existir, pensar, aprender, formar e se formar. O cotidiano, aqui, é palco de disputas simbólicas, éticas, epistemológicas e políticas.
Trata-se de uma obra que não apenas interpela as ciências humanas, mas desafia as leitoras e os leitores a repensarem seus próprios modos de vida, trabalho e formação, em um mundo cada vez mais capturado pelo imperativo do produtivismo, da pós-verdade e da vigilância. Assim, como o conteúdo retratado neste livro, entendemos a educação não como transmissão de conteúdos, mas como ato político e formativo de resistência. Formar e se formar é produzir mundos e é justamente esse horizonte que Pesce persegue: um mundo no qual a formação não se submeta à lógica da servidão voluntária, mas que se abra à criação de si e do comum. A análise atravessa conceitos como trabalho vivo, expropriação de saberes e tecnologias de controle, para pensar as possibilidades de liberdade para a instituição de educações decoloniais em nosso tempo. O livro apresenta casos de “gentes que fazem diferença”, mesmo diante e no contexto dessa era capitalista.
Este livro é um convite ao pensamento crítico e à invenção de projetos educacionais em nosso tempo. O corpus interpretativo privilegia o ativismo decolonial e isso já vale o mergulho na obra. Recomendo, como leitora privilegiada, esta obra para todos, todas e todes que educam para um mundo sem barbáries. Aproveitemos a oportunidade para aprender um pouco mais.
Edméa Santos
Professora titular-livre da UFRRJ, líder do GPDOC
Praia do Leme, abril de 2025.
SUMÁRIO
Prefácio
Luanda Rejane Soares Sito
I – Ensaios teóricos
Utopística e inédito-viável: diálogos teóricos para imaginar alternativas
decoloniais na Educação de Jovens e Adultos
Bruno Joaquim
Entre o Sagrado e o Profano: a influência do neoconservadorismo nas
Políticas Educacionais no cenário político brasileiro dos últimos anos
Júnior Leandro Gonçalves
Tecnologias digitais na educação: entre o fetiche, a colonialidade e a
realidade
Mariana Zambon Ferreira Braga
II - Pesquisas empíricas
Grupos ativistas indígenas: uma análise empírica sobre o ato
comunicativo
Felipe Mattei
Empoderamento freiriano e decolonialidade: caminhos para processos
formativos no uso das redes sociais digitais por um grupo feminista
Marina Prado Gomes
Memes antifemintas: restrição e retrocesso on-line
Quésia Domingues
Pedagogia decolonial, empoderamento freireano e ativismo em rede:
pesquisa exploratória de podcasts de autoria negra
Andressa Aparecida da Silva
A formação docente e as tensões entre o instituído e o instituinte: um
estudo sobre as práticas transformadoras na educação básica
Valter Pedro Batista
A educação pública em tempos de pandemia: reflexões sobre exclusão
digital e desigualdades
Sílvia Nogueira
O colaborador pedagógico em tecnologias educacionais - formando
formadores na rede municipal de educação de Santos
Márcia Regina Marques
III – Revisões de literatura
A quantas andam os estudos acadêmicos sobre o protagonismo negro
na mídia televisiva?
Shirlei Alexandra da Cunha
A identidade do coordenador pedagógico em pesquisas acadêmicas:
uma revisão de literatura
Geane Carneiro
O jogo de Mancala e práticas pedagógicas antirracistas e decoloniais:
uma revisão de literatura
Mariana Lettieri Ferreira













