O pacto narcísico do cuidado e autocuidado no Brasil: interseccionando raça, classe e gênero
RESUMO
O livro "O PACTO NARCÍSICO DO CUIDADO E AUTOCUIDADO NO BRASIL: interseccionando Raça, classe e Gênero", de Cibele Henriques, é uma análise crítica da organização social, racial e de gênero do trabalho de cuidado no Brasil, com foco nas experiências das mulheres negras. A obra se baseia em uma pesquisa de tese que utiliza análise bibliográfica, documental, e entrevistas empíricas com trabalhadoras negras do cuidado.
A tese central é que a modernidade e a formação social brasileira instituíram um "pacto narcísico do cuidado", um conjunto de privilégios sociais, políticos, econômicos, afetivos e sexuais concedidos à branquitude. Este pacto se sustenta na transferência forçada e compulsória das responsabilidades domésticas e de cuidado para as mulheres negras, desde o período da escravidão, sob o mito do "cuidado por amor".
As mulheres negras foram transformadas em "territórios coloniais de cuidado" e "máquinas sexuais-reprodutivas" do sistema de acumulação de capitais. Isso resultou em uma dupla expropriação (corpo-território e afeto-existência), sendo condenadas ao "Matriarcado do cuidado" e à "colonialidade do cuidado" (disponibilidade compulsória para o cuidado sem direito ao autocuidado).
O livro discute o custo social-racial-afetivo-sexual para as mulheres negras, que enfrentam a informalidade, o desemprego, a sobrecarga do trabalho reprodutivo, a maternagem solo e as mazelas psíquicas decorrentes do aprisionamento na colonialidade do cuidado e da hipersexualização de seus corpos.













