Coleções
![]() | ![]() | ![]() |
---|---|---|
![]() | ![]() | ![]() |
![]() | ![]() | ![]() |
![]() | ![]() | ![]() |
Mundialização do Trabalho, Transição Histórica e Reformismo Educacional
Organizadores
José Claudinei Lombardi,
Carlos Lucena
Fabiane Santana Previtali
Esta obra é o resultado de um conjunto de reflexões referenciadas a partir de uma discussão sobre a gênese sociohistórica do trabalho, seu valor universal para o capital a partir do modelo imposto pelo capitalismo mundial, bem como, a “roupagem” que essas exigências se impõem pela nova base técnica em virtude da presença de novas tecnologias microeletrônicas na produção. Esse fator tem exigido uma participação, na formação do trabalhador/ operário, cada vez maior por parte da escola e, como consequência, uma educação voltada para a subordinação tanto intelectual quanto formal do trabalhador ao modelo de trabalho e de relações de trabalho vigentes. Nessa perspectiva, esse livro aponta para um mapeamento do trabalho sob os aspectos históricos-sociais, da reforma do estado e da educação para a formação do trabalhador.
O primeiro texto, da autoria de José Claudinei Lombardi – Modo de Produção, Transformações do Trabalho e Educação em Marx e Engels –, basicamente evidencia seu entendimento sobre a categoria modo de produção e faz uma importante “articulação teórica da educação e do modo capitalista de produção, buscando entender as implicações analíticas do uso dessa relação, em Marx e Engels”; no que se refere à educação, Lombardi retoma a análise marxiana a partir da discussão sobre o modo capitalista de produção.
No segundo capítulo, Abordagem Histórica da Relação Trabalho e Educação, Olinda Maria Noronha busca compreender como se dão as relações estabelecidas entre Trabalho e Educação. A pesquisadora considera que essas relações “não devem ser tratadas como naturais, ou ainda, sob as perspectivas essencialista, existencialista ou economicista, mas, do ponto de vista histórico”, tendo em vista a consideração da práxis humana. Para ela esse debate, pelo viés histórico, é fundamental no contexto do materialismo histórico-dialético que não concebe uma discussão entre Trabalho e Educação de forma dicotômica, porém no contexto das relações históricas construídas e determinantes objetivamente.
O capítulo de autoria de Pierre Trinquet – Políticas Públicas Francesas: formação profissional continuada e prevenção de riscos profissionais – aborda “a política pública francesa no domínio do trabalho” considerada sob o enfoque de dois eixos: a formação profissional continuada e a prevenção de riscos do trabalho. Parte do prisma de que a formação continuada, na França, pode ser situada no contexto dos “domínios social, econômico e da ‘modernização’ das ferramentas de produção”. No eixo da proteção dos riscos do trabalho, sob a égide europeia, as políticas públicas de prevenção resguardam aspectos bastante específicos da França.
O capítulo de Lúcia Maria Wanderley Neves e Marcela Alejandra Pronko, intitulado Formação para o Trabalho: história e método – resultado da pesquisa “Determinantes das mudanças na formação para o trabalho complexo no Brasil de hoje”, desenvolvida com recursos CNPq/Fiocruz –, apresenta uma discussão sobre as mudanças da educação escolar bem como das políticas educacionais implementadas tanto pelos agentes governamentais quanto pelos “aparelhos privados de hegemonia, culturais e políticos, para a construção de uma nova sociabilidade conforme os requisitos do capital em tempo de novo imperialismo”.
Já o capítulo de Carlos Lucena, Robson França, Fabiane Santana Previtali, Adriana Omena, Lázara Cristina da Silva e Lurdes Lucena – Mundialização e Trabalho: um debate sobre a formação dos trabalhadores no Brasil –, busca discutir questões relacionadas à formação profissional e ao avanço do capitalismo monopolista partindo do viés dialético entre “o trabalho, a formação humana e os complexos processos sociais presentes na dimensão econômica, política e social”. Considera que as políticas públicas de formação de trabalhadores são influenciadas pela divisão internacional do trabalho de maneira a expressar nacionalmente: “diferenças e desigualdades, materialização das relações de poder e dominação do seu tempo”.
João dos Reis Silva Júnior, com o capitulo intitulado Discurso sobre a Inexorabilidade – FHC anuncia a panaceia do atual monetarismo vigente no país, aborda a reforma do aparelho do Estado bem como a relação entre o Estado e a sociedade civil e a relação entre os três poderes do Estado. Desenvolve uma reflexão sobre o “desenho” da sociedade civil a partir da interlocução do Estado, sem a participação dos sindicatos, partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais que, por sua vez, reivindicavam não só as políticas de demanda social, mas a participação na definição dessas políticas que por sua vez privilegiaram os “fundos calculados segundo a lógica das necessidades da valoração do capital produtor de valor”.
No capítulo de autoria de Antônio Bosco de Lima, Mara Rúbia Alves Marques, Sarita Medina Silva, Maria Vieira Silva e Gabriel Humberto Munõz Palafox, que traz como título Reforma e Qualidade da Educação no Brasil, analisa os elementos da racionalidade da reforma educacional contemporânea, no contexto “de ressurgimento do interesse mundial pela mudança educacional – as décadas de 1980 e 1990 –, como condição de desenvolvimento econômico, transformação cultural e solidariedade nacional, nos países centrais, e de inserção no processo global de desenvolvimento, nos países periféricos”. Considera que nos anos de 1990:
[...] emergiu mundialmente uma preocupação em solucionar os déficits educacionais nos países em desenvolvimento, sendo que tal preocupação centralizou discursos em torno do controle de natalidade, da adequação dos sujeitos aos novos padrões e processos de trabalho e da necessária tolerância e convivência dos povos “educados”, tão necessários para o novo milênio; aspectos que sintetizam os princípios e as diretrizes difundidos pelas agências internacionais.
Esta linha levou à articulação do novo padrão de modernização ou mudança social, à reforma do Estado e à reforma educacional.
Na sequência, István Mészáros produz uma profunda reflexão sobre a questão da transição histórica no contexto do capitalismo sob o enfrentamento de uma “concepção intelectualmente coerente e verdadeiramente abrangente da mediação”. Considera que:
[...] é impensável instituir na ordem social estabelecida as mudanças qualitativas exigidas sem adotar as formas apropriadas de mediação prática que podem fazer historicamente viável no futuro nosso ineludível modo de reprodução sociometabólica – como seres mediados por si próprios da natureza que devem assegurar até no mais longo prazo suas condições de existência numa interação plenamente adequada com a natureza.
E para fechar o livro, uma entrevista com Michael Apple, realizada por ocasião do V Simpósio Internacional “O Estado e as Políticas Educacionais no Tempo Presente”, ocorrido na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia. Foi conduzida pelas Profas. Dras. Maria Vieira Silva e Mara Rúbia Alves Marques, tendo como tradutor o Luís Armando Gandin, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A transcrição foi feita por Paulo Vinicius Lamana Diniz da Universidade Federal de Uberlândia. O fio norteador da entrevista considera, principalmente, a questão das políticas curriculares no contexto multicultural, a partir da teorização crítica na busca do entendimento sobre as novas dinâmicas sociais, de classe, gênero, geração e etnia.
Essas reflexões contribuem fortemente para a ampliação do debate sobre trabalho, educação e formação profissional no contexto da formação humana e oferece aos pesquisadores, professores e alunos, tanto de cursos de graduação como de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, da área de Ciências Humanas e Sociais, um aporte teórico a respeito da temática proposta.
Prof. Dr. Robson França
Universidade Federal de Uberlândia
Verão/2014
